(mãe)
Ontem, conversando com minha mãe, ela me disse:
_ “Eu estou pensando em como eu vou morrer. Não tenho medo de morrer, mas fico pensando em como será... e acho isso muito estranho”.
Ah, mãe! Estranho e assustador é imaginar a vida sem você, sem seus conselhos, sem a sua preocupação, sem sua poesia, sem suas broncas, sem as suas pequenas implicâncias... sem suas lembranças e causos do passado.
Estranho é pensar que você, um dia, vai embora. O como é o de menos. Quase inaceitável é o FATO de ter de acontecer.
Em maio, você completa 88 anos. “É muito!”... muitos dirão. Mas, não é muito não. É quase nada de tempo e este tempo ainda voou. Amores, alegrias, perdas e danos, netos... e sonhos em forma de poesia...tudo passou tão rápido!
E ver você assim, definhando, apagando-se... é tão inconcebível e irreal.
E eu fico pensando: De onde sairá a minha poesia, quando você se for? Se a fonte dos meus sonetos foram os seus versos, se conjugar o verbo intransitivo amar, foi aprendido com você? Se a gana de não me conformar com a vida e lutar só têm sentido se vejo a vida através dos seus olhos, das paródias políticas, das serenatas diamantinenses do incondicional amor azul e branco pelo nosso Cruzeiro?
Viver ficará tão difícil em você, mãe!
Portanto, aguente-se aqui no planetinha azul, ainda mais um pouco. Talvez até o seu centenário... talvez até eu ir primeiro... talvez até que se passem mil janeiros e a morte possa ser compreendida e aceita... talvez... talvez pra sempre. Porque mães deveriam mesmo ser eternas.
BH - abril de 2012
segunda-feira, 16 de abril de 2012
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