quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
sexta-feira, 25 de maio de 2012
quinta-feira, 24 de maio de 2012
quarta-feira, 23 de maio de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
segunda-feira, 21 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
sábado, 19 de maio de 2012
sexta-feira, 18 de maio de 2012
quinta-feira, 17 de maio de 2012
quarta-feira, 16 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
sábado, 12 de maio de 2012
sexta-feira, 11 de maio de 2012
quinta-feira, 10 de maio de 2012
PÃO NOVO
lisieux
- Dona, tem pão velho?
Eu, ainda bocejando, baixei os olhos pra poder encarar o menino, de uns oito, nove anos, olhos vivos, descalço e com um cabelo loiro escuro cacheado e sujo...
- Tenho não, garoto – respondi, apenas pra que ele fosse embora logo e eu pudesse voltar pro aconchego de minha cama.
- E roupa que seu filho não usa mais, tem?
- Meus filhos já são grandes – suspirei... as roupas deles não serviriam em você.
- Então me dê um copo de leite... leite tem?
- Não, não tenho... respondi, já um tanto impaciente.
Mas o garotinho não desistiu.
- Um copo d’água... pronto! Isso tem que ter! Me dá um copo d’água?
Cansada e louca pra me ver livre do garotinho, respondi, já com uma ponta de rispidez.
- Não, não tem! A água acabou, justo hoje!
O garotinho, com um jeitinho irônico, olhou pra mim firmemente e disse:
- Ô dona! Intão vem pedi cum eu!
Espantada com a pronta resposta do garoto, e com o ar de galhofa dele, estourei numa gargalhada.
Abaixando-me, olhei nos olhos do garoto e perguntei:
- Você não tem família? Deveria estar em casa a uma hora dessas. Ainda está escuro.
Passavam dez minutos das seis horas, horário de verão, e o sol ainda não tinha dado as caras. Além do mais a manhã estava abafada e com o céu nublado... Decerto, choveria mais tarde...
- Tenho casa sim, dona... e é looonge!
- E o que você está fazendo aqui, tão longe?
- Minha mãe não tem comida em casa. Então, tenho que sair andando e pedir.
- E o seu pai?
- Meu pai foi embora e deixou nóis tudo sozinho.
- Não vai à escola?
- Vô não... não temos dinheiro pra comprar caderno.
Prestando atenção no olhar do garoto, consegui enxergar a tristeza, o abandono, a falta de amor.
- E você fica todos os dias na rua?
- Fico sim, dona... se não pedir comida, fico com fome. E ainda tenho que conseguir alguma coisa pros meus irmão menor... Tem um que é bebê ainda, por isso pedi o leite. Ia virar aqui e levar, olhe...
E tirou de uma sacolinha uma garrafa de refrigerante vazia, com um bico já gasto na ponta.
Abaixei-me e passei a mão na cabeça do garoto... ele sorriu...
- Vou buscar o pão, espere um pouco. Serve pão novo? – Meu marido tinha deixado o pacote da padaria em cima da bancada da cozinha, antes de sair. E sorri também para ele.
Alargando o sorriso, o garoto disse:
- Precisa não, dona... a senhora já conversou comigo! Ninguém pára pra conversar comigo.
A resposta do menino mexeu comigo.
- Vou buscar um lanche, mesmo assim – falei –
E, enquanto caminhava até à cozinha, pra fazer um café reforçado pro garoto, pensei em como uma simples conversa pode fazer diferença na vida de alguém. Aquele menino tinha fome e precisava de tantas coisas básicas, como leite para o irmão, uma camisa pra substituir a rasgada e suja que usava...Precisava de pão e de carinho... mas ele se contentou com uma conversa! Com a atenção de alguém que, mesmo de má vontade a princípio, parou para escutar o que ele tinha a dizer. Alguém que se abaixou para olhar diretamente nos seus olhos e que lhe fez um ligeiro afago nos cabelos.
Como um raio, absorvi toda a solidão e tristeza daquela criança; a falta de amor e de aconchego, a falta de abraço e de carinho.
Aquela criança não tinha boa alimentação, não tinha brinquedos, não tinha livros e cadernos, não tinha roupa adequada para a estação. Não tinha pai, a mãe não marcava presença e ainda se julgava responsável pelos irmãos menores. Não tinha sonhos, não tinha alegria. E uma simples palavra amiga encheu de luz a sua manhã, fez brilhar os seus olhinhos castanhos, muito claros e colocou um sorriso nos seus lábios.
Como doeu, amados, aquela resposta: “Precisa trazer mais não... a senhora já falou comigo!”
Que mágico condão tem a palavra! Que poder maravilhoso tem o gesto amigo. Que faculdade de mudar uma situação tem o ouvir com amor!
Hoje ainda tocam em minha casa, de vez em quando, para pedir pão velho. E eu continuo não gostando de atender, tendo preguiça de preparar uma refeição, principalmente se for de manhã, porque gosto de dormir e de acordar tarde. Mas aprendi com aquela criança, a espantar a preguiça e má vontade e a repartir o pão. Não só o pão dormido com café ou leite, mas o pão novo. Não o pão quentinho da padaria, mas o pão novo da Palavra que transforma e anima. O Pão Vivo partilhado em pequenos diálogos, o Pão que alimenta através de gestos simples e afetuosos, de olhares de compaixão, de acolhimento e amor.
E esse pão, amados, jamais fica velho, porque ele se renova a cada manhã; porque ele é, a cada dia, posto a assar na fornalha amorosa do coração de todos os que creem n’Aquele que é o Pão Vivo que desceu do céu; n’Aquele que disse: “EU SOU O PÃO DA VIDA. O que crê em mim, jamais terá fome”.
É isto, amados. Aprendi a repartir, sempre, Jesus Cristo: o Pão da Vida!
quarta-feira, 9 de maio de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
sexta-feira, 4 de maio de 2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Assinar:
Postagens (Atom)